domingo, 15 de novembro de 2009

Os bebês choram com o sotaque das mães

Pesquisas são feitas para entender os sentidos dos bebês no útero das mães. Sabe-se que na fase final da gestação, as emoções da mãe: ansiedade, tensão e medo; de alguma forma chegam ao bebê. Também adquirem sensibilidade à luz. Os recém-nascidos têm memória de sua vida uterina.

Um grupo de pesquisadores alemães do Instituto Max Planck e da Universidade de Wurzburg analizaram o choro de 60 recém-nascidos com idade entre 2 e 5 dias e perceberam que os bebês nessa fase já têm sotaque.

A entonação do choro dos bebês franceses termina com um som mais agudo, enquanto os bebês alemães esse som é mais grave, acompanhando as características fonéticas dos respectivos idiomas. Como já se têm conhecimento que os bebês podem ouvir a voz da mãe quando ainda estão no útero, os pesquisadores concluíram que eles procuram reproduzir esses mesmos sons maternos nos primeiros dias depois de nascer. Essa seria uma ação instintiva, segundo os cientistas, para estabelecer laços de afeto com a mãe.

Ainda não se conhece a exata percepção que os bebês têm dos sons enquanto estão no útero. Mas é possível afirmar que a nitidez dos ruídos é prejudicada pelo líquido amniótico, em que estão imersos. Os tons mais agudos são parcialmente bloqueados, enquanto os graves chegam aos ouvidos do bebê com mais facilidade. Parecido com que acontece quando alguém está mergulhado numa piscina. Mas a voz da mãe apesar de aguda (como costumam ser as vozes femininas) é facilmente captada pelo bebê.

A ideia de se pode doutrinar o gosto musical de uma criança enquanto ela está no útero é falsa. Pesquisas foram realizadas e não se conseguiu provar que ouvir clássico ou popular, determine as preferências da criança no futuro. "O bebê provavelmente vai se lembrar do que escutou, mas o gosto será determinado pelo meio, pelos outros estímulos que terá em vida". diz o obstetra Eduardo Zlotnik.

  • Os bebês se habituam à voz materna e usam como a primeira referência sonora de vida.

– Os sons que chegam ao feto:
  1. Têm memória musical. Até 1 ano de idade, conseguem reconhecer as músicas que ouviam após a 28ª semana de gestação.
  2. Quando a grávida coloca fones de ouvido na barriga, apenas aumenta o volume de som ouvido pelo bebê. Não há influência em seu comportamento ou gosto musical futuro.
  3. O líquido uterino em que o bebê está imerso bloqueia alguns sons. As frequências graves são mais bem percebidas que as agudas.



Fonte: Revista Veja ed. 2139, ano 42/ nº. 46 – Texto de Laura Ming – Foto: Renoir

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