sábado, 21 de novembro de 2009

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil

– O lado B da História do Brasil

1. Zumbi foi um senhor de escravos?
2. Os portugueses ensinaram os índios a preservar as florestas?
3. Santos Dumont não inventou o avião?
4. O carnaval é uma festa fascista?

Acaba de ser publicado e pretende virar de ponta-cabeça a história do Brasil. Uma obra para criar polêmica, gerar debate, arranhar certezas. Amparado em 3 anos de pesquisas e na consulta de mais de uma centena de dissertações, o escritor abriu a porta para trabalhos mais recentes, que revisam muito do que já fomos levados a acreditar sobre a informação da nação. O livro é "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" - Editora Leya do jornalista Leandro Narloch.


Zumbi segundo o Guia – instituição das mais execráveis da história, a escravidão contou com colaboradores negros. Os escravos eram fruto das guerras entre clãs, tribos e nações africanas. As relações com esses senhores de escravos iam muito além do mero contato comercial. Nobres escravocratas africanos acabavam exilados ou vinham estudar no Brasil. O rei nigeriano Kosoko, mandou 3 filhos em viagem à Bahia, voltaram em 1850. Esses "empresários", enriquecidos em seus negócios com os europeus, lutaram contra o fim da escravidão ao longo do século XIX. Ainda que cada escravo detestasse a própria escravidão, dificilmente viam problemas na escravidão dos outros. Um certo Zé Alfaiate, foi alforriado no Brasil em 1830 e se tornou um célebre traficante na África anos seguintes. Ninguém encarnou melhor essa dubiedade que o próprio quilombo dos Palmares e seus líderes. Zumbi foi executado por resistir à aniquilação pelos portugueses em 1694. Palmares era terra de bravos, mas estava longe de ser um enclave de liberdade moderna num mundo de escravidão colonial. Era mais uma vila africana como aquelas onde os traficantes compravam sua carga. A sociedade de Palmares tinha escravos negros, quando faziam uma incursão para atacar uma fazenda, os cativos não eram libertados, eram capturados para servir ao quilombo. Apenas ex-escravos que chegassem lá por seus próprios meios eram mantidos livres, mas não podiam ir embora, ou seriam perseguidos por capitães-do-mato do próprio quilombo. Isso em hipótese alguma livra os europeus da culpa de terem comprado e lucrado com o tráfico humano, mas a escravidão não foi inventada por eles. O que os europeus inventaram foi o abolicionismo, na Inglaterra, e contra seus interesses econômicos.

"Em 2007, completaram-se 200 anos da proibição do tráfico de escravos, a primeira vitória da campanha abolicionista da Inglaterra. Nenhum país da África ou movimento negro da América prestou homenagens ou agradecimentos aos ingleses", afirma Narloch.


Índio segundo o Guia – os índios estavam em maioria, e os portugueses, se tinham armas mais sofisticadas, não carregavam exatamente fuzis, caças e metralhadoras.. Para evitar um banho de sangue, a tática foi ficar na moita, forjando alianças e aprendendo como se virar naquele matagal. Os índios apreciavam especialmente o apoio português em uma de suas atividades favoritas – guerrear com outros índios. "Cogita-se até que o modelo militar das bandeiras seja resultado mais da influência indígena que europeia", diz Narloch. Os próprios bandeirantes ditos "paulistas" eram mestiços de primeira geração, falantes de tupi, com parentes próximos criados em aldeias. Quanto às doenças, é verdade que elas foram a pior das tragédias. Gripe, sarampo e outras pragas que mal tocavam os portugueses destroçaram os nativos. Os invasores levaram para Europa a sífilis e o tabaco. "Antes dos portugueses chegarem, eles já haviam extinguido muitas espécies e feito um belo estrago nas florestas brasileiras", afirma o Guia.

Fonte: Revista Galileu - dez 2009 - nº 221

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