quarta-feira, 22 de julho de 2009

Figurinista ou fada madrinha

Figurinistas
Há quem diga que os figurinistas são como a fada madrinha da Cinderela: têm o condão de transformar trapos em vestes suntuosas. Mais do que isso, eles constroem personagens. Heróis e vilões ganham vida graças as suas admiráveis criações, vistas e muitas vezes copiadas. Um vestido de voile, uma casaca de papelão, um colarinho dos anos 1970, um penteado do século XIX ou uma simples camiseta furada podem dizer muito sobre um personagem, além de funcionarem como um espelho dos modos de vida, da cultura e da estética de uma época. O figurino que engloba não só a roupa, mas cabelos, maquiagem, acessórios e adereços, é um dos elementos que ajudam a contar uma história. Apontado pelo senso comum como a "segunda pele" dos atores, nunca passa despercebido pelo olhar crítico e interessado dos fãs. Na vitrine da TV, figurino sempre dá maior ibope.

Quantas vezes, na teledramaturgia, não nos deparamos com a transformação visual de heróis e heroínas que dormem como patinhos feios e acordam como príncipes das fábulas? Sem falar na quantidade de pobres que ficam ricos, de ricos que ficam pobres? A força visual do figurino é o que melhor imprime tais marcas.
  • expressão individual,
  • poder de atração,
  • definição de idade,
  • papel social,
são algumas das leituras que um figurino suscita em nós. Responsáveis por vestir personagens irreais, os figurinistas são unânimes na definição de seu ofício: assim como a indumentária e a moda, figurino não é simples ornamentação. Ele nos apresenta uma diversidade de linguagens, cada qual com seu próprio vocabulário e sua própria gramática. É uma forma de comunicação em que a roupa não tem valor sozinha. O tipo de tecido, o corte e a cor da roupa, a silhueta, a maneira de prender o cabelo ou a pintura facial podem nos dizer muito sobre um personagem e o mundo em que ele vive. É um conjunto de sinais, em que uma peça do vestuário muitas vezes ocupa papel decisivo na ação.

Figurino, não existe sozinho. É intrínseca sua relação com o autor, o diretor, as equipes de caracterização, cenografia, produção de arte, iluminação, produção, setor de efeitos especiais e todo o séquito de profissionais mobilizados para uma gravação. Tudo somado, resulta num quadro vivo. É um casamento, em que cada área concorre para a unidade estética da obra. Como bolar uma roupa sem pensar no penteado, na luz que vai incidir sobre o tecido ou mesmo na cor das paredes de um cenário? Sem esquecer a importância dos atores, cujo corpo orienta e dá sentido a um projeto. "O ator dá alma ao personagem, e o figurino é a sua pele" (Gogoia Sampaio)

Figurino não é moda; ele apenas inclui a moda. Ou melhor, reapropria-se dela para criar personagens. Glamour à parte, os figurinistas da teledramaturgia trabalham em uma verdadeira fábrica, em que velocidade e capacidade de improviso são requisitos fundamentais no dia a dia dos bastidores da ficção. Transformar é a alma do negócio. Com boas doses de criatividade, assim roda a engrenagem, o que faz os profissionais terem os pés muito bem plantados no chão. Se nós os vemos como artistas, eles se definem como operários de fábrica.

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Obra feita pela TV Globo "Entre tramas, rendas e fuxicos" – O figurino na teledramaturgia da TV Globo, Memorial Globo – Editora Globo

Destaca a importância do figurino na narrativa e na composição dos personagens, ao mesmo tempo que conta a trajetória dessa área ao longo das últimas 4 décadas da TV Globo. Mais de 200 fotos de cenas e personagens de diversas produções, desde a década de 1960 até os dias atuais.

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