domingo, 26 de julho de 2009

Arte Brasileira – Elena Nikítina

Os temas de seus quadros se enclausuram em figuras antigas e na representação dos objetos de seu próprio ateliê.
Origem: BRASILIANart book

Natureza Silenciosa


Para uma artesã como Elena Nikítina, o universo da pintura não tem mistérios; ela possui total domínio da técnica. Além do mais, ela não é uma pintora ansiosa que se força a pintar um quadro por dia, sem cerimônia. Os quadros de Elena levam tempo, seu trabalho é paciente, moroso, meticuloso, detalhista, perfeccionista, porque seu centro de interesse pictórico reside na representação real da figura. As guaches que faz, de tamanho pequeno, custam-lhe um tempo menor; já os óleos, ela os faz, em média, cerca de nove por ano.


Ocaso


Há em sua obra uma forte influência das pinturas germânica e flamenga dos séculos XVI e XVII. As cenas de pintura dos interiores (de seu próprio ateliê), agrupam objetos não com a intenção de criar o clima específico de uma natureza morta. Basta que o visitante os analise com atenção para verificar que as formas dos objetos e as cores usadas pela artista têm, acima de tudo, a função de construção do espaço pictórico. O desenho e a cor de uma fruta entram na tela para cumprir papéis formais e pictóricos de composição.

Avançando um pouco mais nessa linha de reflexão, não será difícil perceber que os gostos de Elena, suas lembranças e suas paixões são flagradas em suas telas com a maior facilidade. A escrita musical, as personagens antigas, os objetos de estimação e aqueles que compõem sua vida compõem um discurso plástico que revela seu universo afetivo.


No silêncio do verão


Intrigam também seus retratos anônimos. Eles não têm tempo. São feitos hoje, mas poderiam ter sido criados também há um século. Há um gosto neoclássico na execução dos cabelos e dos paramentos das indumentárias das mulheres, posando altivas para a posteridade. O curioso é que nesses retratos há um pouco dos muitos rostos que passaram pela vida de Elena Nikítina. Ela os faz antigos porque gosta de fazê-los assim. Claro que ela navega contra a corrente da multidão do neo-alguma coisa e dos novismos estéticos: ela, porém, está aceitando, um desafio, está atendendo a um desejo de ser artista como quer sê-lo, explicando-o alegremente em sua obra. (Radha Abramo)

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