Campos floridos, jardins, roseiras, margaridas, gerânios, papoulas, giestas; flores e mais flores. São os temas eletivos da sensível obra de Raquel, desde que ela trocou a prancheta de engenheira pelo cavalete de pintora. Suas configurações caprichosas e suas cores ora delicadas, ora vivíssimas, conferem-lhe posição de destaque na hierarquia estética da natureza. Por isso, as flores não se esgotam numa descrição botânica, científica. A melhor definição de rosa, paradigma das flores, foi dada por Gertrude Stein: "Uma rosa é uma rosa é uma rosa". O compositor popular Cartola, por seu turno, referindo-se à amada, afirmou que "as rosas não falam" mas que elas "exalam o perfume que roubam de ti".
Tendo profundas afinidades com o impressionismo e, particularmente, com a obra de sua figura principal, Claude Monet, Raquel chegou a deslocar-se várias vezes para a França para pintar nos mesmos locais onde Monet criou algumas de suas obras primas. Como os impressionistas, ela valoriza a pintura en plein air, entendendo que as cores são mutáveis, que as tonalidades estão sempre cambiando de acordo com a incidência dos raios luminosos, e que o preto não existe na natureza. Dá atenção especial às áreas de sombra, sempre coloridas, e tira partido da vibração das cores complementares justapostas. Sua matéria pictórica é enriquecida por sucessivas camadas de tinta e por uma textura especial, às vezes granular. As flores de Raquel têm o perfume e o frescor da natureza, contrariando respeitosamente Cartola, quando todos os dias ela toca o pincel na tela para dar origem a uma flor, é como se ela dissesse: "Parla".
Enock Sacramento - SP - 2004
BRAZILIANart V – livro de Arte Brasileira
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