quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Romeu e Julieta de Shakespeare

Romeu e Julieta é uma tragédia escrita nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare (entre 1591 e 1595) sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, antes em guerra. A peça ficou entre as mais populares na época de Shakespeare e, ao lado de Hamlet, é uma das suas obras mais levadas aos palcos do mundo inteiro. Hoje, o relacionamento dos dois jovens é considerado como o arquétipo do amor juvenil.

Romeu e Julieta pertence a uma tradição de romances trágicos que remonta à antiguidade. Seu enredo é baseado em um conto da Itália, traduzido em versos como 'A Trágica História de Romeu e Julieta' por Arthur Brooke em 1562, e retomado em prosa como 'Palácio do Prazer' por William Painter em 1582. Shakespeare baseou-se em ambos, mas reforçou a ação de personagens secundários, especialmente Mercúcio e Páris, a fim de expandir o enredo. O texto foi publicado pela primeira vez em 1597 mas essa versão foi considerada como de péssima qualidade, o que estimulou muitas outras edições posteriores que trouxeram consonância com o texto original de Shakespeare.

A estrutura dramática usada por Shakespeare — especialmente os efeitos de gêneros como a comutação entre comédia e tragédia para aumentar a tensão; sua atitude de expandir os personagens mais secundários e a utilização de sub-enredos para embelezar a história — tem sido elogiada como um sinal precoce de sua habilidade dramática e maturidade artística. A peça atribui distintas formas poéticas a diferentes personagens para apresentar sua personalidade mais evoluída: Romeu, por exemplo, cresce mais versado nos sonetos ao longo da trama.

Em mais de cinco séculos de realização, Romeu e Julieta tem sido adaptada nos infinitos campos e áreas do teatro, cinema, música e literatura.

Os estudiosos não sabem exatamente quando Shakespeare escreveu Romeu e Julieta. No entanto, podemos adquirir determinadas pistas:
  • a Ama de Julieta refere-se a um terremoto que tinha ocorrido 11 anos antes. Considerando que surgiu um terremoto na Inglaterra em 1580, é possível determinar que a peça se passa em 1591 ou que esse é o ano em que Shakespeare escreveu a obra, embora muitos outros terremotos, tanto na Inglaterra quanto em Verona tenham ocorrido antes ou depois, fazendo com que diferentes datas sejam propostas.
Considerando também que os estudiosos apontam semelhanças do estilo artístico usado em Romeu e Julieta a 'Sonhos de Uma Noite de Verão' e outras peças convencionalmente datadas em 1594-95, a tradição diz que Romeu e Julieta foi composta entre 1591 e 1595. Existe a hipótese de que a peça era ainda um projeto recentemente iniciado no ano de 1591, concluído por Shakespeare em 1595.



Indícios históricos
"Vê, descuidoso, na aflição tamanha,
Capelletti e Montecchi entristecidos.
Monaldi e Filippeschi, alvo de sanha."

(Dante, A Divina Comédia — Purgatório, Canto VI, Linha 106)


Verona — cidade que Shakespeare escolheu para sua peça — trata-se das mais prósperas do norte da Itália. A cidade atrai cada vez mais jovens, casais, e namorados, por ter ganho a fama de "cidade de Romeu e Julieta". Possuindo um patrimônio arquitetônico e histórico muito preservado, Verona carrega em seu território um anfiteatro romano, um castelo da Idade Média, palácios e igrejas medievais. Além dessas atrações, e de outras, como o Castelvecchio, Verona possui a "Casa de Julieta" que, embora não carregue nenhuma prova de que os Montecchios e os Capuletos realmente tenham morado por ali, atrai muitos visitantes. A construção da casa se iniciou no século XVIII, e talvez tenha sido de propriedade dos Cappellos. No interior da construção existe uma estátua de bronze de Julieta, afrescos da peça, e um balcão com um pouco da biografia de Shakespeare. Criou-se a lenda de que dá sorte no amor tocar o seio esquerdo da estátua de Julieta.

Na verdade, a questão sobre se Romeu e Julieta, e, consecutivamente, os Montecchios e os Capuletos, existiram, é antiga. Talvez um dos motivos da grande dúvida sobre a veracidade histórica da peça é o fato de que o enredo passeou pelos séculos até ser melhor aproveitado por Shakespeare. Há registros de que Giralomo della Corte, um italiano que viveu na mesma época de Shakespeare, afirmava que o relacionamento dos jovens amantes havia ocorrido em 1303, embora não se tenha certeza sobre isso. O único elemento comprovado é que as famílias Montecchi e Capelletti realmente existiram, embora não se saiba se moravam na Península Itálica, ou se eram rivais.

Outras fontes literárias que fazem alusões às duas famílias é 'A Divina Comédia', do italiano Dante Alighieri. Nesse poema, Dante cita os Montecchi e Capelletti como participantes de uma disputa comercial e política que se deram na Itália. Em Dante, ambas as famílias estão no Purgatório, tristes, e desoladas. Muitos estudiosos discordam que essas famílias tenham existido, mas o historiador Olin Moore acredita que seria um desígnio para dois importantes partidos políticos que eram rivais em território italiano: os Gibelinos e os Guelfos. Outra fonte literária se encontra em Luigi da Porto, que também citava as famílias como rivais, e Lope de Vega, como também Matteo Bandello, que enriqueceu a fábula e o enredo.

Não há nenhuma evidência quanto todas essas suspeitas, guardadas na literatura italiana e em Shakespeare. Mas as várias citações às duas famílias tem excitado o público e a crítica para investigarem sobre a questão. Para o histórico Rainer Sousa, "o amor trágico e desmedido de Romeu e Julieta parece instaurar um arquétipo de um amor ideal, muitas vezes, distante das experiências afetivas cotidianamente experimentadas." Rainer ainda afirma que "talvez por isso, tantos acreditam (ou pelo menos torcem) para que um amor sem medidas como do casal shakespeariano tivesse acontecido."

A data da primeira encenação da peça é desconhecida. O Primeiro Quarto (Q1), impresso em 1597, diz que "ela tem sido muitas vezes encenada e adquirido um grande público", o que nos dá a pista de que se realizaram encenações antes dessa data. O Lord Chamberlain's Men foi certamente o primeiro grupo a encená-la. Além de sua forte ligação com Shakespeare, William Kempe é nomeado no Segundo Quarto (Q2) como Pedro numa linha do Ato V. Richard Burbage foi provavelmente o primeiro ator a fazer Romeu, já que ele era o líder da companhia e desempenhava os papéis dos protagonistas, e Master Robert Goffe (um homem) foi provavelmente a primeira Julieta, uma vez que na época as mulheres eram proibidas de desempenharem qualquer tipo de papel. Através dessa formação, acredita-se que a primeira estréia da peça aconteceu no "The Theatre", com outras produções realizadas posteriormente no "The Curtain". Além disso, Romeu e Julieta trata-se de uma das primeiras peças shakesperianas a serem encenadas fora da Inglaterra: uma breve versão da obra foi produzida em Nördlingen no ano de 1604.


Personagens
Casa dos Capuletos
  • Capuleto é o patriarca da casa dos Capuletos.
  • Senhora Capuleto é a matriarca da casa dos Capuletos.
  • Julieta é a filha única dos Capuletos, e a protagonista feminina da peça.
  • Tebaldo é primo de Julieta, e sobrinho da senhora Capuleto.
  • A Ama é a confidente e ama de Julieta.
  • Pedro, Sansão e Gregório são os criados dos Capuletos.

Governo
  • Príncipe Escalo é o Príncipe de Verona
  • Páris é um jovem nobre, parente do príncipe, e pretendente de Julieta.
  • Mercúcio é parente do príncipe e amigo de Romeu.

Casa dos Montecchios
  • Montecchio é o patriarca da casa dos Montecchios.
  • Senhora Montecchio é a matriarca da casa dos Montecchios.
  • Romeu é o filho único dos Montecchios, e o protagonista masculino da peça.
  • Benvólio é sobrinho de Montecchio e amigo de Romeu.
  • Abraão e Baltasar são os criados dos Montecchios.

Outros
  • O Coro, que lê o prólogo.
  • Frei Lourenço é confidente de Romeu e franciscano.
  • Frei João é quem iria entregar a carta de Frei Lourenço para Romeu.
  • Um Boticário, que vende a poção fatal para Romeu.
  • Rosalina é uma personagem invisível, pretendente de Romeu antes dele conhecer Julieta.


Nota: versoões impressas referidas como Q1 (1597), Q2 (1599), Q3 (1609), Q4 (1622) e Q5 (1637).



Origem: Wikipédia

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