segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Papisa Joana

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de Donna Woolfolk Cross
Geração Editorial
Romance – 490 páginas

No mesmo ano da morte do lendário Carlos Magno, 814 – nascia na aldeia de Ingelheim a única mulher da História destinada a ser papa: Joana. Era a Idade das Trevas, uma época brutal, de ignorância, miséria e superstição sem precedentes. Os países europeus como os que conhecemos não existiam, nem tampouco seus idiomas, mas tão-somente dialetos locais, sendo a língua culta o latim; a morte do imperador Carlos havia mergulhado o Sacro Império Romano num caos de economia falida, guerras cívis e invasões por parte de viquingues e sarracenos. A vida nesses tempos conturbados era particularmente difícil para as mulheres, que não tinham quaisquer direitos legais ou de propriedade. A lei permitia que seus maridos batessem nelas; o estupro era encarado como uma forma menor de roubo. A educação das mulheres era desencorajada, pois uma mulher letrada era considerada não apenas uma aberração, mas também um perigo. Decidida a não se conformar com as limitações impostas ao seu sexo. Joana se disfarça de homem e ingressa num mosteiro beneditino, sob o nome de "irmão" João Ânglico. A papisa Joana é um dos personagens mais fascinantes de todos os tempos, e um dos menos conhecidos. Embora hoje negue a existência dela e de seu papado, a Igreja Católica reconheceu ambos como verdadeiros durante a Idade Média e a Renascença. Foi apenas a partir do século XVII, sob crescente ataque do protestantismo incipiente, que o Vaticano deu início a um esforço orquestrado para destruir os embaraçosos registros históricos sobre a mulher papa. O desaparecimento quase absoluto de Joana na consciência moderna atesta a eficácia de tais medidas. (resenha tirada das orelhas do livro)

domingo, 18 de outubro de 2009

Sonho impossível

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Composição: Joe Darion, Mitch Leigh
versão em português de Chico Buarque


Eu tenho uma espécie de dever de dever de sonhar de sonhar sempre, pois sendo mais do que um espectador de mim mesmo, Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso. E assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis... (Fernando Pessoa)





Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender
Sofrer
A tortura implacável
Romper
A incabível prisão
Voar
Num limite improvável
Tocar
O inacessível chão

É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

sábado, 17 de outubro de 2009

Espelho

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– No século XIV, o objeto custava mais caro que obras de pintores renascentistas –

por Vinicius Rodrigues


Provavelmente você dá uma olhada no espelho antes de sair de casa. Dentro de um elevador de paredes espelhadas, é certo que aproveita para ajeitar a roupa ou o cabelo. As superfícies que refletem a luz são tão fáceis de ser encontradas no ambiente urbano que é difícil imaginar o quanto elas foram disputadas no passado.

Tudo indica que a primeira vez que o ser humano viu seu reflexo foi na água. Isso deve ter mudado em cerca de 3000 aC , quando povos da atual região do Irã passaram a usar areia para polir metais e pedras. Esses espelhos refletiam apenas contornos e formas. As imagens não eram nítidas e o metal oxidava com facilidade.

Pouco mudou até o fim do século XIII. Nessa época, o homem já dominava técnicas de fabricação do vidro, mas as peças eram claras demais, e por isso não tinham nitidez. Até que, em Veneza, alguém teve a ideia de unir o vidro a chapas de metal. "Os espelhos dessa época têm uma pequena camada metálica na parte posterior do vidro. Assim, a imagem ficava nítida, e o metal não oxidava por ser protegido pelo vidro", diz Claudio Furukawa, pesquisador do Instituto de Física da USP. Surgia assim o espelho como o conhecemos até hoje.

Mas este era um produto raro e caro. Os chamados espelhos venezianos eram mais valiosos que navios de guerra ou pinturas de gênios como o renascentista italiano Rafael (1483-1520). A democratização do artigo começou em 1660, quando o rei da França Luís XIV (1638-1715) ordenou que um de seus ministros subornasse artesãos venezianos para obter o segredo deles. O resultado pode ser conferido na sala dos espelhos do palácio de Versalhes.

Com o advento da Revolução Industrial, o processo de fabricação ficou bem mais barato e o preço caiu. Afirma o antropólogo da PUC-RJ José Carlos Rodrigues: "Mesmo assim, o espelho só se popularizou e entrou nas casas de todos a partir do século XX."

Pinoli

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Muito empregados em receitas doces e salgadas das cozinhas italiana e sírio-libanesa, na qual são conhecidos como "snoubar", os "pinoli" são extraídos do pinheiro-manso (Pinus pinea), uma árvore difícil de ser cultivada, e difícil também a colheita das pinhas; nativa da região do Mediterrâneo.






Em muitas regiões, o cultivo e a colheita continuam sendo totalmente manuais, o que explica, ao menos em parte, os preços estratosféricos. Semelhante a uma amêndoa, mas de tamanho bem reduzido, o "pinolo" (singular de "pinoli") possui formato oval e cor bege. É vendido principalmente em pacotes de 20 gramas ou por peso, em lojas de produtos árabes e empórios sofisticados, é um produto caro. É oleoso e de sabor suave, que pode ser ressaltado pela torra. Na Itália, é muito usado em risotos, molhos e bolos, sendo fundamental no molho pesto. É também bastante difundido na Índia e na Turquia. Na cozinha libanesa, entra em massas, esfirras, legumes de forno, arroz, charutos recheados e sobremesas, como sorvetes, bolos, doces e tortas.



Origem: guia1.folha.com.br

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia do Professor

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Em alguns países há um dia especial para os professores. Em alguns deles é feriado enquanto que em outros são realizadas apenas comemorações em dias úteis.



Brasil
No Brasil, o Dia do Professor é comemorado em 15 de outubro. No dia 14 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Teresa de Ávila), Pedro I, Imperador do Brasil baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, "todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras". Esse decreto falava:



  • descentralização do ensino,
  • o salário dos professores,
  • as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e
  • como os professores deveriam ser contratados.
A ideia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida.

Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor.

Começou em São Paulo, em uma pequena escola no número 1520 da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como "Caetaninho". O longo período letivo do segundo semestre ia de 1 de junho a 15 de dezembro, com apenas dez dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a idéia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também análise de rumos para o restante do ano.

O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, Piracicaba, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. A sugestão foi aceita e a comemoração teve presença maciça - inclusive dos pais. O discurso do professor Becker, além de ratificar a idéia de se manter na data um encontro anual, ficou famoso pela frase "Professor é profissão. Educador é missão".

A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".


Outros países:
  • 5 de setembro é o Dia do Professor na Índia.
  • 16 de maio é o Dia do Professor (malaio: Hari Guru) na Malásia.
  • O Dia do Professor (em turco: Öğretmenler Günü) é comemorado em 24 de novembro na Turquia.
  • Na Albânia, o Dia do Professor é um feriado não oficial em 7 de março, um dia antes do Dia das Mães (8 de março).
  • Na República Tcheca, o Dia do Professor (Den učitelů) é um feriado não oficial, comemorado em 28 de março.
  • O Dia do Professor no Irã é comemorado em 2 de maio (Ordi,behesht 12, no calendário iraniano).
  • O Dia Internacional do Professor na América Latina é 11 de setembro.
  • Na Polônia o Dia do Professor (Dzień Nauczyciela), ou Dia da Educação Nacional (Dzień Edukacji Narodowej) é 14 de outubro.
  • Na Rússia o Dia do Professor é 5 de outubro. Antes de 1994, esse dia era comemorado no primeiro domingo de outubro.
  • Em Cingapura, o Dia do Professor é um feriado oficial escolar, comemorado em 1 de setembro.
  • Na Eslováquia, o Dia do Professor (Deň učiteľov) é um feriado não oficial, comemorado em 28 de março, aniversário de Jan Ámos Komenský (Comenius).
  • Na República da China (Taiwan) é comemorado em 28 de setembro.
  • 16 de janeiro foi adotado como o Dia do Professor na Tailândia por uma resolução do governo em 21 de novembro de 1956. O primeiro Dia do Professor aconteceu em 1957.
  • Nos Estados Unidos da América, o Dia do Professor é um feriado não oficial na terça-feira da primeira semana de maio.
  • No Vietnã, o Ngày nhà giáo Việt Nam (Dia do Educador Vietnamita) em 20 de novembro.


Origem: Wikipédia

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

12 de outubro – Dia das crianças

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O Dia Mundial da Criança – oficialmente, é 20 de novembro, data que a ONU reconhece como Dia Universal das Crianças por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança*. Porém, a data efetiva de comemoração varia de país para país.

No Brasil, o Dia da Criança é comemorado juntamente com o dia de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, que é um feriado.

O Dia da Criança no Brasil foi criado na década de 1920, por proposta do deputado federal Galdino do Valle Filho. A Câmara aprovou a idéia e o dia 12 de outubro foi oficializado como Dia da Criança pelo presidente Arthur Bernardes, através do decreto nº 4867 de 5 de novembro de 1924.

Mas somente em 1960, quando a empresa Estrela decidiu fazer uma promoção em conjunto com a Johnson & Johnson, para aumentar suas vendas, lançando a "Semana do Bebê Robusto", é que a data passou a ser comemorada. Logo depois, outras empresas decidiram criar a Semana da Criança para aumentar as vendas de brinquedos.

No Japão comemora-se separado o dia das crianças para meninos (5 de maio) e meninas (3 de março).



* Declaração dos Direitos da Criança
Declaração dos Direitos da Criança foi adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas de 20 de novembro de 1959 e ratificada pelo Brasil.

VISTO que os povos da Nações Unidas, na Carta, reafirmaram sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano, e resolveram promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla,
VISTO que as Nações Unidas, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamaram que todo homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades nela estabelecidos, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição,
VISTO que a criança, em decorrência de sua imaturidade física e mental, precisa de proteção e cuidados especiais, inclusive proteção legal apropriada, antes e depois do nascimento,
VISTO que a necessidade de tal proteção foi enunciada na Declaração dos Direitos da Criança em Genebra, de 1924, e reconhecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos estatutos das agências especializadas e organizações internacionais interessadas no bem-estar da criança,

Visto que a humanidade deve à criança o melhor de seus esforços,

ASSIM, A ASSEMBLÉIA GERAL

PROCLAMA esta Declaração dos Direitos da Criança, visando que a criança tenha uma infância feliz e possa gozar, em seu próprio benefício e no da sociedade, os direitos e as liberdades aqui enunciados e apela a que os pais, os homens e as melhores em sua qualidade de indivíduos, e as organizações voluntárias, as autoridades locais e os Governos nacionais reconheçam este direitos e se empenhem pela sua observância mediante medidas legislativas e de outra natureza, progressivamente instituídas, de conformidade com os seguintes princípios:

PRINCÍPIO 1º
A criança gozará todos os direitos enunciados nesta Declaração. Todas as crianças, absolutamente sem qualquer exceção, serão credoras destes direitos, sem distinção ou discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família.

PRINCÍPIO 2º
A criança gozará proteção social e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidade e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal, em condições de liberdade e dignidade. Na instituição das leis visando este objetivo levar-se-ão em conta sobretudo, os melhores interesses da criança.

PRINCÍPIO 3º
Desde o nascimento, toda criança terá direito a um nome e a uma nacionalidade.

PRINCÍPIO 4º
A criança gozará os benefícios da previdência social. Terá direito a crescer e criar-se com saúde; para isto, tanto à criança como à mãe, serão proporcionados cuidados e proteção especial, inclusive adequados cuidados pré e pós-natais. A criança terá direito a alimentação, recreação e assistência médica adequadas.

PRINCÍPIO 5º
À criança incapacitada física, mental ou socialmente serão proporcionados o tratamento, a educação e os cuidados especiais exigidos pela sua condição peculiar.

PRINCÍPIO 6º
Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança precisa de amor e compreensão. Criar-se-á, sempre que possível, aos cuidados e sob a responsabilidade dos pais e, em qualquer hipótese, num ambiente de afeto e de segurança moral e material, salvo circunstâncias excepcionais, a criança da tenra idade não será apartada da mãe. À sociedade e às autoridades públicas caberá a obrigação de propiciar cuidados especiais às crianças sem família e aquelas que carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas.

PRINCÍPIO 7º
A criança terá direito a receber educação, que será gratuita e compulsória pelo menos no grau primário.
Ser-lhe-á propiciada uma educação capaz de promover a sua cultura geral e capacitá-la a, em condições de iguais oportunidades, desenvolver as suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-se um membro útil da sociedade.
Os melhores interesses da criança serão a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais.
A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito.

PRINCÍPIO 8º
A criança figurará, em quaisquer circunstâncias, entre os primeiros a receber proteção e socorro.

PRINCÍPIO 9º
A criança gozará proteção contra quaisquer formas de negligência, crueldade e exploração. Não será jamais objeto de tráfico, sob qualquer forma.
Não será permitido à criança empregar-se antes da idade mínima conveniente; de nenhuma forma será levada a ou ser-lhe-á permitido empenhar-se em qualquer ocupação ou emprego que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu desenvolvimento físico, mental ou moral.

PRINCÍPIO 10º
A criança gozará proteção contra atos que possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Criar-se-á num ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de fraternidade universal e em plena consciência que seu esforço e aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes.

Origem: Wikipédia

sábado, 10 de outubro de 2009

A viúva Clicquot

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Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin
inventou a champanhe tal como se conhece hoje, expandiu seus negócios pelo mundo e criou um pioneiro sistema de distribuição de lucros entre funcionários, no século XIX. Temida pela concorrência, a viúva Clicquot deu novo significado à expressão "mulher de negócios".

Residência de madame Clicquot - Castelo em Boursault

Sempre que a aristocracia europeia do século XIX queria brindar com a mais pura espuma fervilhante de champanhe, pedia "la veuve" (a viúva). Não era preciso dizer mais. Todos sabiam que a senhora em questão era uma garrafa de Veuve Clicquot, o único espumante da época cristalino, doce na medida, cujas bolhas formavam delicada coroa ao chegar à borda da taça. Mas raramente madame Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, a viúva em pessoa, estava presente neste tipo de comemoração. Diferentemente da famosa bebida que tinha seu nome, não há notícia de que algum dia tenha saído da França; no máximo viajava a Paris, a 140 km de Reims, onde nasceu e trabalhou a vida inteira.


Com o tempo, tal invisibilidade social fez dela uma das mais ilustres desconhecidas dos últimos 200 anos. Hoje, poucos sabem que foi a primeira grande empresária internacional, responsável por transformar o vinho espumante em símbolo de bebida de luxo. Dessa mulher restou uma só imagem, estampada desde 1972 na tampa de metal dos 8 milhões de garrafas produzidas anualmente pela maison. O retrato pintado na década de 1860 por Léon Cognie, mostra uma octogenária vestida de negro. A imagem não condiz com a empreendedora trabalhadora, muitas vezes temerária, que fez de uma pequena empresa familiar um império proprietário de 275 hectares dos melhores vinhedos da região de Campagne.



Barbe-Nicole Ponsardin nasceu numa das mais ricas famílias de Reims. O pai Nicolas, fez fortuna no ramo têxtil (faturava o equivalente a 800 mil dólares por ano) e planejava para a primogênita um casamento com título de nobreza. A derrubada da monarquia pela Revolução Francesa em 1789 acabou com o sonho e ameaçou a vida da menina, de 11 anos, assim como a de toda a burguesia, identificada como inimiga do povo. Foi graças a ajuda da costureira da família que ela conseguiu fugir antes da invasão do Convento Real de Saint-Pierre-des-Dames, tradicional escola da elite. Disfarçada de camponesa, atravessou a pé a cidade com sua salvadora, que a escondeu em casa, na segurança do subúrbio pobre.


A genética também contribuiu. Dos 3 filhos de Nicolas, aquela ruivinha de olhos acinzentados foi a única que herdou sua capacidade de se adaptar às circunstâncias. Apesar de monarquista e católico fervoroso, monsenhor Ponsardin conseguiu cair nas graças do novo governo republicano, que considerava a religião um crime. Assim conservou a cabeça, o prestígio e a fortuna. Manteve a mansão na praça principal de Reims, onde foi realizada em 10 de julho de 1798 a cerimônia secreta do casamento religioso de sua filha com François, herdeiro do milionário produtor têxtil Philippe Clicquot.
Vizinhos desde a infância, imaginava-se que os noivos fossem amigos, o que explicaria a cumplicidade do casal. Sonhador e violinista talentoso com tendências a depressão, François, não se interessava por tecidos; queria construir fortuna com o comércio de vinhos. Os recém-casados quase nada sabiam de vinho, mas uniram forças e terras num plano ambicioso: abastecer o promissor mercado russo com o forte e adocicado espumante da região, muito ao gosto do czar Alexandre I. Uma bebida fina e exclusiva – o champanhe Clicquot. O primeiro carregamento ficou pronto para a venda, em 1803, quando Napoleão mergulhou a Europa num conflito que duraria 12 anos. Já não havia compradores nem dinheiro para bebidas finas. Entre as primeiras vítimas das guerras napolêonicas estavam a empresa dos Clicquot. François morre em 23 de outubro de 1805, devido a febre tifoide, mas circularam boatos de que teria cortado a garganta em desespero pela falência iminente. Aos 27 anos e com uma filha de 6 anos, Barbe-Nicole fez o que na época apenas a viuvez permitia a uma mulher: assumiu os negócios. Com o apoio do pai e do sogro, teve como sócio um amigo das famílias, o rico proprietário vinícola Alexandre Jérôme Fourneau.


Com o bloqueio as exportações imposto à França pelos portos europeus, diz sua biógrafa que a viúva "começou a brincar com a ideia" do contrabando. Até 1810, seu espumante chegou às cortes inimigas e aliadas a bordo de navios que não podiam transportá-lo. As garrafas tornaram conhecido e apreciado o vinho da viúva Clicquot. Forneau abandonou a sociedade depois de conseguir o capital que tinha investido. Para manter viva a agora Veuve Clicquot Ponsardin e Companhia, produziu vinho tinto barato para o mercado interno, vendeu todos os colares de raras pérolas rosadas e um fabuloso diamante avaliado em 60 mil dólares (valor atual), dispensou funcionários, encheu as adegas com a fabulosa safra de 1811. Em abril de 1814, quando Napoleão abdicou, foi a primeira a chegar aos mercados que se abririam em breve. Quando Alexandre I anunciou o fim do embargo à Franca, 10 550 garrafas de Veuve Clicquot 1811 já estavam no porto prussiano de Konihsberg (perto de São Petersburgo) e outras 12 780 a caminho. Disputadas a peso de ouro, foram vendidas pelo equivalente a 100 dólares cada uma. Foi o único champanhe servido no aniversário do rei prussiano e saudado como o melhor do mundo – e começou a tornar madame uma das mulheres mais ricas da época.


Menos de 2 anos depois ela faria com que todos se curvassem também à sua competência técnica ao inventar o remuage – processo usado até hoje para melhorar a qualidade da champanhe removendo os resíduos que o deixam turvo, diminuindo o tempo e os gastos de produção; técnica para armazenar garrafas de cabeça para baixo, permitindo eliminar rapidamente os resíduos acumulados durante a segunda fermentação, essencial para a formação de bolhas. Por quase uma década, essa descoberta foi mantida em segredo, graças ao respeito que ela inspirava e a um sistema de participação nos lucros a empregados em posições-chaves.

















































































Além do trabalho, a viúva tinha 3 paixões:
  1. romances de cavalaria
  2. comprar e decorar casas e
  3. homens jovens e bonitos
Ao se aposentar, aos 64 anos, em 1841, deu 50% da Clicquot a um dos seus protegidos, Édouard Werlé, um alemão que ela preparou para sucedê-la. Ela sabia não ter herdeiros para tocar seus negócios (após sua morte a casa foi administrada por Werlé e seus descendentes até ser comprada, em 1986, pelo grupo multinacional Louis Vuitton Moet Hennessy). Só a bisneta Anne mostrava tino comercial, mas preferia moda a champanhe. Para ela escreveu uma carta que é um autorretrato:


  • "Minha querida (...) você, mais do que ninguém, se parece comigo, pela audácia. É uma qualidade que me valeu muito... hoje sou chamada a Grande Dama do Champanhe! O mundo está em perpétuo movimento e precisamos inventar o amanhã. É preciso passar à frente dos outros, ter determinação e exatidão e deixar a inteligência conduzir a sua vida. Aja com audácia".







Barbe-Nicole morreu em 29 de julho de 1866, aos 89 anos, em seu castelo em Boursault, vale do Marne. Na época, 750 mil garrafas de Veuve Clicquot eram vendidas no mundo inteiro. Realizara o sonho do marido François e até o de seu pai – todas as mulheres da família ostentam títulos de nobreza – as irmãs por casamentos; ela porque, como disse o escritor Prosper Mérimée, era "a rainha não coroada de Reims".

A historiadora americana Tilar J. Mazzeo reuniu em um livro algumas informações da "viúva": A Viúva Clicquot – A História de um Império do Champanhe e da Mulher que o construiu (Ed. Rocco)



Origem: Revista Claudia nº 10 ano 48 - outubro 2009 e gowheregastronomia.terra.com.br

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Romeu e Julieta de Shakespeare

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Romeu e Julieta é uma tragédia escrita nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare (entre 1591 e 1595) sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, antes em guerra. A peça ficou entre as mais populares na época de Shakespeare e, ao lado de Hamlet, é uma das suas obras mais levadas aos palcos do mundo inteiro. Hoje, o relacionamento dos dois jovens é considerado como o arquétipo do amor juvenil.

Romeu e Julieta pertence a uma tradição de romances trágicos que remonta à antiguidade. Seu enredo é baseado em um conto da Itália, traduzido em versos como 'A Trágica História de Romeu e Julieta' por Arthur Brooke em 1562, e retomado em prosa como 'Palácio do Prazer' por William Painter em 1582. Shakespeare baseou-se em ambos, mas reforçou a ação de personagens secundários, especialmente Mercúcio e Páris, a fim de expandir o enredo. O texto foi publicado pela primeira vez em 1597 mas essa versão foi considerada como de péssima qualidade, o que estimulou muitas outras edições posteriores que trouxeram consonância com o texto original de Shakespeare.

A estrutura dramática usada por Shakespeare — especialmente os efeitos de gêneros como a comutação entre comédia e tragédia para aumentar a tensão; sua atitude de expandir os personagens mais secundários e a utilização de sub-enredos para embelezar a história — tem sido elogiada como um sinal precoce de sua habilidade dramática e maturidade artística. A peça atribui distintas formas poéticas a diferentes personagens para apresentar sua personalidade mais evoluída: Romeu, por exemplo, cresce mais versado nos sonetos ao longo da trama.

Em mais de cinco séculos de realização, Romeu e Julieta tem sido adaptada nos infinitos campos e áreas do teatro, cinema, música e literatura.

Os estudiosos não sabem exatamente quando Shakespeare escreveu Romeu e Julieta. No entanto, podemos adquirir determinadas pistas:
  • a Ama de Julieta refere-se a um terremoto que tinha ocorrido 11 anos antes. Considerando que surgiu um terremoto na Inglaterra em 1580, é possível determinar que a peça se passa em 1591 ou que esse é o ano em que Shakespeare escreveu a obra, embora muitos outros terremotos, tanto na Inglaterra quanto em Verona tenham ocorrido antes ou depois, fazendo com que diferentes datas sejam propostas.
Considerando também que os estudiosos apontam semelhanças do estilo artístico usado em Romeu e Julieta a 'Sonhos de Uma Noite de Verão' e outras peças convencionalmente datadas em 1594-95, a tradição diz que Romeu e Julieta foi composta entre 1591 e 1595. Existe a hipótese de que a peça era ainda um projeto recentemente iniciado no ano de 1591, concluído por Shakespeare em 1595.



Indícios históricos
"Vê, descuidoso, na aflição tamanha,
Capelletti e Montecchi entristecidos.
Monaldi e Filippeschi, alvo de sanha."

(Dante, A Divina Comédia — Purgatório, Canto VI, Linha 106)


Verona — cidade que Shakespeare escolheu para sua peça — trata-se das mais prósperas do norte da Itália. A cidade atrai cada vez mais jovens, casais, e namorados, por ter ganho a fama de "cidade de Romeu e Julieta". Possuindo um patrimônio arquitetônico e histórico muito preservado, Verona carrega em seu território um anfiteatro romano, um castelo da Idade Média, palácios e igrejas medievais. Além dessas atrações, e de outras, como o Castelvecchio, Verona possui a "Casa de Julieta" que, embora não carregue nenhuma prova de que os Montecchios e os Capuletos realmente tenham morado por ali, atrai muitos visitantes. A construção da casa se iniciou no século XVIII, e talvez tenha sido de propriedade dos Cappellos. No interior da construção existe uma estátua de bronze de Julieta, afrescos da peça, e um balcão com um pouco da biografia de Shakespeare. Criou-se a lenda de que dá sorte no amor tocar o seio esquerdo da estátua de Julieta.

Na verdade, a questão sobre se Romeu e Julieta, e, consecutivamente, os Montecchios e os Capuletos, existiram, é antiga. Talvez um dos motivos da grande dúvida sobre a veracidade histórica da peça é o fato de que o enredo passeou pelos séculos até ser melhor aproveitado por Shakespeare. Há registros de que Giralomo della Corte, um italiano que viveu na mesma época de Shakespeare, afirmava que o relacionamento dos jovens amantes havia ocorrido em 1303, embora não se tenha certeza sobre isso. O único elemento comprovado é que as famílias Montecchi e Capelletti realmente existiram, embora não se saiba se moravam na Península Itálica, ou se eram rivais.

Outras fontes literárias que fazem alusões às duas famílias é 'A Divina Comédia', do italiano Dante Alighieri. Nesse poema, Dante cita os Montecchi e Capelletti como participantes de uma disputa comercial e política que se deram na Itália. Em Dante, ambas as famílias estão no Purgatório, tristes, e desoladas. Muitos estudiosos discordam que essas famílias tenham existido, mas o historiador Olin Moore acredita que seria um desígnio para dois importantes partidos políticos que eram rivais em território italiano: os Gibelinos e os Guelfos. Outra fonte literária se encontra em Luigi da Porto, que também citava as famílias como rivais, e Lope de Vega, como também Matteo Bandello, que enriqueceu a fábula e o enredo.

Não há nenhuma evidência quanto todas essas suspeitas, guardadas na literatura italiana e em Shakespeare. Mas as várias citações às duas famílias tem excitado o público e a crítica para investigarem sobre a questão. Para o histórico Rainer Sousa, "o amor trágico e desmedido de Romeu e Julieta parece instaurar um arquétipo de um amor ideal, muitas vezes, distante das experiências afetivas cotidianamente experimentadas." Rainer ainda afirma que "talvez por isso, tantos acreditam (ou pelo menos torcem) para que um amor sem medidas como do casal shakespeariano tivesse acontecido."

A data da primeira encenação da peça é desconhecida. O Primeiro Quarto (Q1), impresso em 1597, diz que "ela tem sido muitas vezes encenada e adquirido um grande público", o que nos dá a pista de que se realizaram encenações antes dessa data. O Lord Chamberlain's Men foi certamente o primeiro grupo a encená-la. Além de sua forte ligação com Shakespeare, William Kempe é nomeado no Segundo Quarto (Q2) como Pedro numa linha do Ato V. Richard Burbage foi provavelmente o primeiro ator a fazer Romeu, já que ele era o líder da companhia e desempenhava os papéis dos protagonistas, e Master Robert Goffe (um homem) foi provavelmente a primeira Julieta, uma vez que na época as mulheres eram proibidas de desempenharem qualquer tipo de papel. Através dessa formação, acredita-se que a primeira estréia da peça aconteceu no "The Theatre", com outras produções realizadas posteriormente no "The Curtain". Além disso, Romeu e Julieta trata-se de uma das primeiras peças shakesperianas a serem encenadas fora da Inglaterra: uma breve versão da obra foi produzida em Nördlingen no ano de 1604.


Personagens
Casa dos Capuletos
  • Capuleto é o patriarca da casa dos Capuletos.
  • Senhora Capuleto é a matriarca da casa dos Capuletos.
  • Julieta é a filha única dos Capuletos, e a protagonista feminina da peça.
  • Tebaldo é primo de Julieta, e sobrinho da senhora Capuleto.
  • A Ama é a confidente e ama de Julieta.
  • Pedro, Sansão e Gregório são os criados dos Capuletos.

Governo
  • Príncipe Escalo é o Príncipe de Verona
  • Páris é um jovem nobre, parente do príncipe, e pretendente de Julieta.
  • Mercúcio é parente do príncipe e amigo de Romeu.

Casa dos Montecchios
  • Montecchio é o patriarca da casa dos Montecchios.
  • Senhora Montecchio é a matriarca da casa dos Montecchios.
  • Romeu é o filho único dos Montecchios, e o protagonista masculino da peça.
  • Benvólio é sobrinho de Montecchio e amigo de Romeu.
  • Abraão e Baltasar são os criados dos Montecchios.

Outros
  • O Coro, que lê o prólogo.
  • Frei Lourenço é confidente de Romeu e franciscano.
  • Frei João é quem iria entregar a carta de Frei Lourenço para Romeu.
  • Um Boticário, que vende a poção fatal para Romeu.
  • Rosalina é uma personagem invisível, pretendente de Romeu antes dele conhecer Julieta.


Nota: versoões impressas referidas como Q1 (1597), Q2 (1599), Q3 (1609), Q4 (1622) e Q5 (1637).



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